Marcia Para I da Silva
Marcia Para I Da Silva é educadora Guarani nascida e criada na Aldeia Araponga. Sua vida é atravessada pela luta para estudar desde bem pequena. Quando criança, na aldeia, ao receber a visita de uma contadora de histórias, se apaixonou pela educação e se apegou ao desejo de ler, escrever e contar histórias.
Marcia foi criada pelos avós, o cacique Agostinho e Dona Marciana, mas sempre contou com o apoio de sua mãe Hilda e seu padrasto, que moram próximo à aldeia. Na luta para conseguir estudar, enfrentou a ausência de uma escola na aldeia e a distância de 5km da escola mais próxima, muitas vezes percorrida a pé.
Apesar das interrupções forçadas pela dificuldade de acesso à escola, o desejo de Marcia por concluir os estudos seguia vivo. Em 2015 viaja com a sua comunidade para um ritual guarani em Santa Catarina, na aldeia Tekoá Marangatu (“lugar para viver bem”) e descobre que lá, para sua surpresa, havia uma escola dentro da aldeia. Marcia, com a ajuda de Hilda, consegue convencer seu avô e sua avó a autorizarem sua permanência em Tekoá Marangatu para terminar o ensino médio.
Marcia lembra com carinho dos anos em que foi estudante nessa aldeia e do seu despertar para a vontade de se tornar professora, mobilizada pelo desejo de proporcionar às crianças indígenas uma educação formal conectada com as suas realidades, seus saberes tradicionais e sua língua materna. Quando estava buscando formas de realizar o sonho de ser professora, ela conta que graças à vontade de Nhenderu, foi inaugurado o curso de magistério lá em Tekoá Marangatu, sendo até hoje a única escola do Brasil dentro de uma aldeia que oferece o curso de Magistério Indígena para formar professores bilingues, guarani-português.
Marcia retorna à Araponga em 2021, formada no magistério indigena e é aprovada como professora da escola que foi criada dentro de sua aldeia.
Recentemente em um ato de coragem e compromisso com a segurança das meninas, Marcia rompeu o silêncio e denunciou a violência que sofreu na infância. Hoje permanece na Aldeia Araponga através de uma medida protetiva, mas foi afastada das atividades da escola.
Desejamos que em breve possa retomar suas atividades na escola e que sua história de luta pela educação indígena e sua coragem por proteger as meninas de violências, possa inspirar cada vez mais pessoas.
Categorias:
educação | memória
Bairro:
Aldeia Araponga
Escrita verbete:
Thalita Aguiar e Maíra Norton
Ficha técnica do filme:
Coordenação: Maíra Norton
Produção executiva: Flora Petri Branco
Pesquisa: Thalita Aguiar
Designer: Renata Adamowski
Programação: Luciana Serra
Filmagem: Luiza Saad e Maíra Norton
Som direto: Carol d'Avila
Fotografia: Coral Solari
Edição vídeo: Maíra Norton
Acessibilidade: Mirian Rebeca
Marketing Digital: Maruscka Grassano